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Transplantes de órgãos no Brasil: Um panorama notável

  • Foto do escritor: Tiago Magalhães
    Tiago Magalhães
  • 24 de ago.
  • 7 min de leitura
Tranplante de orgaos no brasil

Você já ouviu falar que o primeiro transplante de órgão vital bem-sucedido foi entre gêmeos? Não? então vamos te contar. Em 1954, o cirurgião Joseph Murray realizou o primeiro transplante de rim de sucesso entre gêmeos idênticos — um enorme avanço na ciência médica. Claro que foi e é até hoje um procedimento altamente complexo e que estamos apenas "resumindo" pra você.



Tranplante de orgaos de gemeos em 1954

Esse feito de 1954 abriu caminho para toda a moderna medicina de transplantes. O procedimento entre os gêmeos Herrick foi possível porque, por serem geneticamente idênticos, não houve rejeição imunológica — um dos maiores desafios da época. Poucos anos depois, outros avanços se seguiram, até que em 1967 o mundo testemunhou outro marco histórico: o primeiro transplante de coração bem-sucedido, realizado pelo cirurgião sul-africano Christiaan Barnard, na Cidade do Cabo. O paciente, Louis Washkansky, sobreviveu 18 dias após a cirurgia, inaugurando uma nova era e mostrando ao mundo que a troca de órgãos vitais era, de fato, uma possibilidade real e não apenas um sonho da medicina.


A evolução no Brasil: legislação, procedimentos e comparações mundiais

No Brasil, a legislação sobre doação e transplante de órgãos avançou significativamente. A Lei nº 9.434 de 1997, posteriormente aperfeiçoada pela Lei nº 10.211, consolidou um arcabouço legal ético e justo, garantindo, entre outros aspectos, que a doação seja gratuita, confidencial e segura. O Sistema Nacional de Transplantes (SNT) centraliza todo o processo, assegurando que os órgãos sejam distribuídos conforme critérios técnicos — como tipagem sanguínea, compatibilidade genética, gravidade clínica — tanto na rede pública quanto privada.


Um paralelo importante que precisamos traçar é que, nos países onde o acesso à saúde depende sobretudo da capacidade financeira — como nos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha por exemplo — o custo de procedimentos de transplantes pode se tornar um empecilho para boa parte da população de classe média ou mais pobre. Por exemplo, nos EUA, um transplante de coração chega a ser faturado em torno de US$ 1.664.800 de dólares, enquanto um de rins pode ultrapassar US$ 442.500 dólares em média, representando uma barreira praticamente impossível para famílias sem plano de saúde completo ou recursos próprios. Esse cenário ressalta a importância do Sistema Único de Saúde (SUS), que oferece no Brasil, transplantes gratuitos e amplamente acessíveis, tornando-se um modelo mundial de como o acesso universal e humanizado aos cuidados pode transformar vidas — e, acima de tudo, assegurar que a dignidade humana não seja vendida ao maior lance como um simples produto.


O que podemos dizer de forma mais séria sobre um tema tão importante e muito pouco falado é que, desde aquele pioneiro transplante entre gêmeos em 1954 até os mais de 30 mil procedimentos realizados em 2024 (detalhamos mais pra frente), o Brasil construiu um caminho de modernização, eficiência e ética. Mesmo em contextos desafiadores — como a pandemia em 2021 —, o país se reorganizou e fortaleceu o sistema. Nada é perfeito, porem hoje, com leis sólidas, práticas seguras e resultados recordes, o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) se consolida como exemplo histórico de superação e confiança médica.


O desempenho recente: números históricos

Tranplante de orgaos no brasil

Em 2024, o Brasil estabeleceu um recorde: foram realizados mais de 30 mil transplantes pelo SUS, um aumento de 18 % em relação a 2022. De acordo com dados oficiais, registrou-se especificamente 30,3 mil transplantes em rede pública em 2024.


Já em 2025, no primeiro trimestre, foram realizados 1.576 transplantes, sendo 1.367 de doadores falecidos e 209 de doadores vivos, totalizando esse número.


Em 2021, o sistema de transplante de órgãos sofreu um impactos severo e o número de transplantes caiu absurdamente — nesse ano, cerca de 45 % das famílias aptas a doar recusaram a doação, um índice alarmante. Além dos problemas sociais causados pela pandemia onde cirurgias eletivas de casos mais graves e sensíveis (como é o caso do transplante de órgãos) foram suspensas para que os procedimentos que necessitam de uma "segurança a mais" fossem mais seguros e produtivos.


Além disso, o volume de transplantes foi claramente menor que nos anos seguintes, especialmente considerando os números recordes de 2024.


  • Transplantes em 2024: mais de 30 mil procedimentos realizados no SUS.

  • 2025 (até março): 1.576 transplantes realizados.

  • 2021: marcado por queda nos procedimentos e 45 % de rejeição familiar à doação no Brasil, o que comprometeu significativamente os números daquele ano


Relembrando que o SUS é reconhecido como o maior sistema público de transplantes do mundo, responsável por mais de 95 % das cirurgias realizadas no país. Esses dados não apenas destacam o Brasil como líder em volume de transplantes, mas também como exemplo singular de sistema público humanizado e eficiente, capaz de atender uma imensa demanda nacional com equidade e qualidade médica.


Sabemos claro que, pelo tamanho demográfico de nosso gigantesco país, proporcionalmente poderíamos ter estatísticas muito maiores, mas ai já seria um outro debate sobre aumentar investimentos para a saúde publica em geral, valorizar mais os profissionais e investir tanto em organização como em infraestruturas para que tudo cresça de forma segura e exponencial. Proporcionalmente (considerar o número de doadores por milhão de habitantes) o Brasil fica em números gerais, atrás da Espanha, o que não diminui nos feitos heroicos pois um pais pequeno enfrenta menor problema de logística.


A titulo de curiosidade, se formos comparar em números de procedimentos, em 2024 a Espanha realizou 6.464 transplantes contra 30 mil do Brasil. Os Estados Unidos ficariam em primeiro lugar em números totais com 48.000 transplantes, porem o ponto da matéria é apontar a acessibilidade do transplante de órgãos no Brasil, que tem um sistema de saúde publico e no que diz respeito a transplantes, MUNDIALMENTE reconhecido por sua qualidade e eficiência.


Além da falta de informação, precisamos pontuar a alta desinformação que transita de boca a boca ou em "postagens" maliciosas, que é referente a TRÁFICO DE ÓRGÃOS. O que limita algumas pessoas a refletir sobre a ação heroica e SEGURA que é doar os órgãos dos entes queridos.


⚠️ LEMBRANDO IMPORTANTE QUE: caso infelizmente você venha a óbito sem manifestar o seu desejo de doar seus órgãos, sua familia que decidirá. Caso tenha esse desejo, se manifeste publicamente, para que tenha testemunhas da sua vontade.


A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) aponta que a recusa familiar é um dos principais desafios para o aumento de doações no país. Conforme dados recentes da entidade, quase metade das famílias brasileiras — cerca de 46% (abril de 2025) — ainda rejeita a doação de órgãos de entes falecidos.


Mitos sobre transplantes de órgãos no Brasil

Um dos mitos mais persistentes é o de que o Brasil sofre com tráfico de órgãos. No entanto, o país adota segurança jurídica, ética e técnica rigorosas. A legislação brasileira proíbe expressamente a comercialização de órgãos, garantindo anonimato e gratuidade na doação.

Além disso, o SNT, vinculado ao Ministério da Saúde, centraliza procedimentos, utiliza critérios técnicos e estruturas organizadas para garantir que os processos sejam íntegros e transparentes.


O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), já abordou o tema “tráfico de órgãos, morte cerebral e outros receios” — destacando que o Brasil tem mecanismos consolidados para certificar morte encefálica, garantir consentimento familiar, registrar potenciais doadores e preservar a aparência física do corpo após a extração, tudo isso com apoio jurídico e ético muito rigoroso. Essas salvaguardas reforçam que o discurso sobre tráfico de órgãos no Brasil é infundado e que o sistema segue padrões internacionais de segurança e responsabilidade.

faustao e transplante de orgaos
Fila ou lista para transplante??

Além desse mito, muita gente por falta de informação acredita que existe uma “fila” de espera para transplantes no Brasil, mas, na prática, o que existe é uma lista única nacional, organizada e monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Essa lista não segue uma ordem cronológica simples, mas sim critérios técnicos e médicos rigorosos. A posição de cada paciente é definida por fatores como compatibilidade sanguínea e genética, gravidade do quadro clínico, tempo em diálise (no caso de rins), urgência comprovada e até a distância entre o doador e o receptor para garantir que o órgão chegue em boas condições. Além disso, há distinções importantes entre doadores vivos e falecidos. O doador vivo pode doar apenas um dos rins, parte do fígado, medula óssea ou parte do pulmão, desde que tenha plena saúde física e psicológica, maioridade e autorização judicial ou médica, no caso de não ser parente direto. Já o doador falecido precisa ter tido morte encefálica confirmada por exames e equipe médica independente, além de contar com o consentimento da família para a retirada dos órgãos. Esse sistema garante transparência, justiça e segurança, reforçando que a doação é sempre um ato voluntário e solidário, nunca uma transação comercial.


⚠️ ATENÇÃO: Você protege o transplantado? a imunossupressão.

mascaras protegem Tranplante de orgaos no brasil

Após um transplante, a vida do paciente pode ganhar uma nova chance, mas também exige cuidados especiais que muitas vezes passam despercebidos por quem não convive com essa realidade. O principal deles é a questão da imunossupressão: para evitar a rejeição do órgão recebido, o transplantado precisa tomar medicamentos que reduzem as defesas naturais do corpo. Isso significa que algo simples para uma pessoa saudável — como uma gripe, uma infecção de pele ou até uma intoxicação alimentar — pode se transformar em um risco grave, capaz de levar a internações em UTI.

Por isso: medidas básicas de higiene, alimentação balanceada, uso constante de máscara em locais de risco, vacinação adequada e acompanhamento médico rigoroso são fundamentais. Além disso, familiares, amigos e colegas de trabalho devem estar cientes dessa vulnerabilidade para ajudar na prevenção de situações de exposição, garantindo que o convívio social seja seguro e acolhedor para quem passou por um transplante.


Tranplante de orgaos no brasil - lista de espera
Lista de espera por transplantes no Brasil em 2024
RBT registro brasileiro de transplantes 2025
RBT registro brasileiro de transplantes 2025

Com uma boa divulgação, mesmo que boca a boca sobre o tema, quem sabe conseguiremos salvar varias vidas, assim como foi o "efeito" Lucas Garib Dias, que segundo a família do jovem, ele expressou a vontade de doar os órgãos durante uma atividade escolar e, após fazer o trabalho, o enviou para a namorada. Ela mostrou aos pais do adolescente e, a partir daí, atenderam o desejo de Lucas e decidiram pela doação. Um herói que nos deixou recentemente, com apenas 17 anos, e sofreu um acidente recentemente, no dia 23/06/2025.


Com a doação de Lucas, cinco pessoas foram salvas, em Mato Grosso, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Goiás e Pará.

Lucas Garib Dias, de 17 anos
Lucas Garib Dias, de 17 anos
No Brasil, para tentar difundir o tema, temos o Dia Nacional de Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro. Mas um assunto tão sério que salva tantas vidas que sofrem fazendo tratamentos de sobrevida, deveria ser difundido todos os dias. Vamos divulgar?

Hoje dia 24/08/2025 fazem 4 anos que eu (Tiago - autor da matéria) e meu pai (Jair Oliveira - o receptor de um rim) demos entrada no hospital para transplante Intervivos. Até aqui, tudo indo muito bem. Estivemos em 2022 no podcast do Daniel Zukko do Minha Brasilia para falar um pouco sobre nossa experiência e eu acabei de postar o vídeo completo no meu canal "pessoal". Deixo a seguir o video para quem tiver interesse:


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